Endividamento: como lidar com essa situação na sua empresa?

Por Núcleo de Acesso ao Crédito- NAC – 17 de julho de 2020

Conheça as melhores práticas para sair do endividamento e colocar sua empresa de volta no caminho do sucesso.

Segundo dados publicados pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, em junho de 2019, existiam 1.256.078 empresas ativas em dívida com a União.

Esse total se refere apenas às contribuintes que possuem débitos tributários inscritos na dívida ativa. Se formos levar em consideração todos os tipos, provavelmente esse número será maior.

Ter algumas dívidas é comum; porém, diante de situações em que o controle dessa situação foi perdido, é necessário agir.

Pensando nisso, listamos algumas dicas valiosas que ajudarão a sua empresa a reorganizar as finanças e ter uma melhor performance. Confira!

Faça um levantamento detalhado do endividamento

Antes de tudo, é necessário que você tenha uma relação de todos os fornecedores aos quais deve, do montante de todas as dívidas e do percentual de juros gerados pelo atraso.

Assim, você poderá se organizar por ordem de prioridade. Quando estiver nessa etapa, leve em consideração o reflexo da dívida no desenvolvimento das atividades da sua empresa.

Para ilustrar essa situação, tomaremos como exemplo as dívidas oriundas de tributos.

Existem situações em que, caso a empresa não pague o ICMS e compre de fornecedores de outros estados, terá seus produtos retidos nos postos de fiscalização, e isso pode significar perdas para ela.

Dessa forma, priorizar esses débitos é importante para a continuidade das rotinas do negócio, sendo fundamental entrar em contato com seus fornecedores para explicar a situação pela qual a empresa passa e renegociar os prazos para pagamento.

Entenda as causas do endividamento

O segundo passo para a resolução do problema é entender as origens, ou seja, quais situações que levaram ao endividamento.

Para isso, é fundamental que você, após realizar o levantamento dos débitos, busque identificar as causas que fizeram com que eles surgissem.

Agir dessa maneira é importante, pois ajuda a evitar que novos débitos surjam e dívidas antigas aumentem.

Dentre as principais causas que contribuem com o endividamento, podemos citar:

  • planejamento inexistente ou incorreto: fluxo de caixa e demais controles (de estoque, contas a pagar, contas a receber, etc) não utilizados ou feitos de maneira errada;
  • desrespeito ao princípio contábil da empresa: o patrimônio do negócio não deve ser confundido com os dos sócios e isso inclui despesas e receitas;
  • capital de giro descontrolado: não saber como funciona ou não acompanhar os valores disponíveis;
  • cenário econômico desfavorável: o aumento da inflação pode retrair a demanda e fazer com que o empresário recorra a empréstimos objetivando pagar suas dívidas. Quando ele não consegue equilibrar suas contas em tempo, o problema se torna um círculo vicioso.

Corte gastos desnecessários

Após saber o que você deve e qual a raiz do problema, é necessário tomar medidas que possam, de maneira efetiva, quitar suas dívidas e impedir que elas aumentem.

Uma estratégia é buscar gargalos em suas atividades que façam com que o lucro do seu negócio seja escoado.

Por exemplo, verifique a existência de desperdícios de matéria-prima nos processos produtivos, trabalhadores ociosos ou improdutivos, logísticas de entrega de produtos inadequadas, gastos com combustíveis exagerados e pagamento de impostos inadequados.

Por exemplo, identifique se os tributos pagos estão acima do que é preciso para o segmento e tamanho da sua empresa. Nesse caso, um planejamento tributário é essencial, tanto para adequação do regime de apuração quanto para verificação de logísticas que permitam valores mais baixos de ICMS.

Também podemos exemplificar essa situação com casos em que empresas tributadas pelo Lucro Real que podem se creditar de PIS e Cofins das suas compras não o fazem por desconhecimento desse crédito.

Existem cenários em que os créditos ultrapassam os débitos e o recolhimento do tributo no período é, portanto, desnecessário.

Além disso, periodicamente, os governos oferecem subsídios ou parcelamentos com descontos que ajudam àqueles que desejam regularizar suas dívidas. Converse com um advogado tributarista ou contador sobre esse assunto.

Analise possibilidades como redução de taxas de juros, mudança no sistema de amortização ou readequação dos valores das parcelas. Em relação a dívidas junto a instituições financeiras, lembre-se que é possível fazer a portabilidade entre bancos.

Integre os setores da sua empresa

Reavalie como seus processos estão estruturados; é por meio deles que as atividades da sua empresa são desenvolvidas. Mudanças podem dinamizar sua rotina e promover o uso eficiente de recursos. Nesse contexto, uma dica importante é a integração dos setores.

Diferentes áreas do seu negócio podem atuar de forma conjunta. Ou seja, a informação gerada em um ponto pode ser essencial à cadeia produtiva por inteiro.

Exemplo disso é a nota fiscal lançada pelo setor de compras, que envia informações para contas a pagar, estoques e contabilidade.

Portanto, nada mais sensato do que levar esse aspecto em consideração ao constituir a gestão dos processos no seu negócio.

Proponha um acordo com seus fornecedores

Em situações de endividamento, é necessário dialogar com o seu fornecedor. Seja sincero, exponha os fatos, informe seus limites e sua intenção em honrar suas dívidas.

Tente negociar parcelas nas quais o débito possa ser dividido e descontos em relação aos juros e às multas.

Lembre-se de ter tudo documentado, com o máximo de detalhes, pois isso dará mais segurança para ambos.

Busque estratégias para aumentar suas vendas

Nesse momento, é necessário ser criativo e ter conhecimento de mercado.

Existem várias formas de expandir o seu negócio: utilizando plataformas virtuais para oferecer seus produtos ou agregando valor ao que você comercializa, por exemplo.

Otimizar a embalagem do seu produto, melhorar a estratégia do seu atendimento e reorganizar o espaço interno da sua empresa são outros exemplos que contribuem positivamente para essa finalidade.

Tente vincular uma experiência positiva aos seus produtos e serviços. Isso fará com que seu cliente retorne mais vezes e diferenciará seu negócio dos concorrentes.

Recorra a empréstimos, se necessário

Caso todas as dicas anteriores não sejam suficientes para quitar as dívidas da sua empresa, é necessário buscar auxílio junto às instituições financeiras.

Lembre-se que é fundamental, principalmente quando se está em situação crítica, que você verifique todos os pormenores: taxas cobradas, índices de correção, sistema de amortização da dívida, prazo de pagamento, etc.

Tomar um empréstimo com a finalidade de quitar todas as dívidas centraliza o débito e pode ajudar em futuras negociações.

Em caso de endividamento, falar com um especialista é sempre necessário, seja contador, administrador ou advogado. Agir dessa forma contribuirá para que a sua empresa supere a situação com mais facilidade.

Tenha em mente que muitas instituições usam esse momento de vulnerabilidade e cobram valores irreais; por isso, analise muito bem cada decisão tomada nesse período.

Imagem: Freepik

Texto publicado no site Núcleo de Acesso ao Crédito- NAC