Debate sobre inteligência artificial e criatividade é tema de painel no Brasília Mais TI

Especialistas discutem como preservar a criatividade humana aliada ao uso das novas ferramentas tecnológicas

A rápida adoção da inteligência artificial (IA) e a mudança cultural disruptiva geram questionamentos sobre a interferência na criatividade humana. Especialistas reunidos no painel do Brasília Mais TI discutiram essas questões e compartilharam suas percepções sobre as transformações que a IA pode causar.

Carlos Jacobino, presidente do Sindicato da Indústria da Informação do Distrito Federal (Sinfor), acredita que a IA é uma ferramenta que potencializa a criatividade, e não sua concorrente. “Ela trouxe novos poderes à inovação e ao pensamento criativo. Porém, não recomendo que se use tecnologia para tarefas que são intrínsecas ao ser humano, como manifestar emoções”, afirmou.

Jacobino aposta que a IA aumentará a produtividade e será cada vez mais utilizada em tarefas repetitivas, liberando tempo para atividades intelectuais e criativas. “Um professor, por exemplo, poderá delegar à IA a tarefa de corrigir provas, utilizando o tempo livre para aprimorar a abordagem pedagógica e criar formatos mais originais para as aulas”, destacou.

A CEO da SOSA Brasil, Gianna Sagazio, concorda que a IA criará novas oportunidades, mas alerta para a necessidade de investir em educação para evitar o aumento da desigualdade social. “O Brasil ocupa uma posição crítica no desenvolvimento educacional, o que também se reflete no índice de criatividade, conforme indicadores internacionais recentes”, disse.

Para ela, é essencial formular políticas públicas que melhorem a qualidade da educação, permitindo que as ferramentas de IA sejam usadas em todo seu potencial e tragam resultados concretos para empresas e para o país. “Cada indivíduo precisa ter um repertório consistente para formular questionamentos assertivos e obter os melhores resultados das ferramentas”, completou.

Gianna também levantou a questão do propósito para o qual as tecnologias servirão. “Governos e empresas precisam direcionar a tecnologia para melhorar a qualidade de vida das pessoas, por meio de práticas que visem garantir um futuro viável, com bem-estar e trabalho digno”, afirmou.

Couto Silva, auditor de Finanças e Controle do Tesouro Nacional, compartilha uma visão semelhante sobre a necessidade de preparar a população para a transformação digital. “Grande parte da sociedade está vivendo essa mudança sem preparação, enquanto outra parte subestima os impactos da IA no mercado. A população precisa ser capacitada para usar a tecnologia a favor, criando uma inteligência aumentada que combine criatividade humana com recursos tecnológicos”, argumentou.

Couto considera que o futuro da IA é imprevisível. “A acessibilidade a tecnologias que respondem por meio de linguagem natural pode mudar muito do que conhecemos. Precisamos criar mecanismos para proteger a sociedade contra os riscos da desinformação, garantir a legitimidade das instituições e educar as pessoas para compreender melhor a realidade”, alertou. Ele destacou os riscos da disseminação de fake news nas redes sociais e o impacto que a IA pode ter, como no caso dos deep fakes.

O painel sobre Inteligência Artificial e Criatividade foi parte da programação do último dia do Brasília Mais TI. O evento discutiu a inovação, a tecnologia e seus impactos nas diversas áreas da sociedade, além de seu potencial na geração de novos negócios.