Da aglomeração ao distanciamento
Artigo do presidente do Sinfor-DF, Ricardo de Figueiredo Caldas, publicado pelo site Sinfor
A economia da aglomeração colapsou. A preocupação com a vida e com saúde das pessoas tornou-se a prioridade de todos, favorecendo a economia do distanciamento.
Bares, restaurantes, feiras, congressos, festas, baladas, espetáculos e eventos com grande número de pessoas sumiram de repente. Desapareceram temporariamente, porém numa temporalidade ainda não sabida.
As orientações de isolamento social, com a máxima “fique em casa”, se forem duradouras, terão efeitos prolongados.
Como um ser gregário, o humano se acostuma às novidades, passando a conviver com novos costumes e construindo hábitos que atingem as zonas de conforto. Mas há dificuldade para mudar os condicionamentos, até que seja estabelecido um novo padrão, ou um “novo normal”.
Neste período de reclusão doméstica, muitas constatações ajudam no encontro da nova zona de conforto. Descobrimos coisas que serão novos hábitos, em detrimento de velhos procedimentos, que já não serão seguidos. Assim, caminhamos na jornada de pesquisas e escolhas, trilhando a realidade de novas opções.
Experimentos coletivos são poderosos, ao amalgamar milhares ou milhões de experiências individuais, que contribuem para maravilhosas descobertas, estabelecendo novos hábitos. Hábitos são vestes que nos motivam, movem e colaboram na constituição de novos propósitos, inovando nosso modo de ver, ser e pensar.
Crises também trazem oportunidades. Buscamos no antagonismo o lado doce das agruras. Com ambas, enxergamos os excessos, as lacunas e o fastio do que ficou para trás. Nos é permitido, então, criar novas situações, novos prazeres e novas oportunidades, estabelecendo novos hábitos!
Precisamos encarar cada problema como uma oportunidade. Temos agora a chance de reinventar atividades. Há o convite para que as pessoas desenvolvam soluções, com os protocolos novos, que agora ganham importância.
Temos pela frente procedimentos de convivência social para atravessar os ciclos de propagação do vírus, com a intermitência do aumento do número de contaminações. Por quanto tempo: dois, três anos, ou mais?
Na novel economia do distanciamento, tecnologias digitais e processos de automação terão um papel cada vez maior na construção da vida pós-pandêmica.
A tecnologia é o meio que seguirá avançando, independentemente de nossas doenças, porque historicamente as pandemias forçaram a humanidade a romper com o passado, construindo novos mundos. Por isso, a covid-19 pode ser um portal, a travessia de um mundo velho para um novo. É a oportunidade para um grande recomeço!
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